Portugal prepara-se para enfrentar uma nova vaga de calor que poderá prolongar-se até meados de agosto, segundo as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Após alguns dias com uma ligeira descida das temperaturas, o calor deverá regressar em força a partir de sexta-feira, com impactos significativos em grande parte do território nacional.
De acordo com Cristina Simões, meteorologista do IPMA, a persistência do tempo quente deve-se à posição do anticiclone dos Açores, que atualmente se encontra em crista em direção ao Golfo da Biscaia. Esta configuração atmosférica promove a entrada de correntes de leste, caracterizadas por serem massas de ar quente e seco provenientes do interior da Península Ibérica.
“Em vez de termos uma corrente marítima do mar mais fresca e húmida, estas situações de leste trazem sempre tempo muito quente”, explicou a especialista, em declarações à CNN Portugal.
Apesar da intensidade do calor registada nos últimos dias, o país deverá sentir esta quarta e quinta-feira uma ligeira diminuição das temperaturas, sobretudo no litoral. “Até ver, portanto, vai descer ligeiramente. O interior continua bastante quente — em vez de 42 vai ter 38 graus”, exemplificou Cristina Simões.
Segundo o IPMA, os avisos meteorológicos emitidos para várias regiões do país irão também descer de nível: os distritos de Leiria, Lisboa, Setúbal e Beja, por exemplo, deverão passar a verde, refletindo uma redução temporária do risco associado ao calor.
Contudo, o alívio será breve. A partir de sexta-feira, prevê-se uma nova subida das temperaturas, com o fim de semana a apresentar características semelhantes ao do último — marcado por calor intenso em todo o território nacional.
“Deveremos ter um fim de semana parecido com o que tivemos, com o domingo já bastante quente e a manter-se para o início da semana”, antecipou a meteorologista. As previsões atuais apontam para a continuidade deste padrão até, pelo menos, meados de agosto.
O fenómeno das ondas de calor está a tornar-se cada vez mais comum, alertam os especialistas. Segundo Cristina Simões, considera-se tecnicamente uma onda de calor quando as temperaturas se mantêm cinco graus acima da média durante um período mínimo de seis dias consecutivos.
À CNN Portugal, o climatologista Mário Marques reforçou esta tendência ao afirmar que agosto poderá ser “o mais quente dos últimos 15 a 20 anos”, antecipando um mês “quente e seco”. A meteorologista do IPMA acrescentou que, embora o verão passado tenha sido mais ameno, a tendência atual aponta para “episódios de calor cada vez mais longos e severos”.
“Não quer dizer que não haja depois um verão bastante mais fresco. O verão passado não foi tão agressivo quanto este está a ser agora. Mas a tendência é para que se vão repetindo estas ondas de calor e a perdurar mais no tempo”, explicou Cristina Simões.













